No Brasil, cerca de 65,2% da energia vem das hidrelétricas, que utiliza a força e o volume da água para girar as turbinas e produzir a energia. O abastecimento é comprometido quando o volume de chuvas, nas regiões onde há as hidrelétricas, reduzem consideravelmente, comprometendo a manutenção da vazão de água pelas comportas – que sejam suficientes para a geração de energia.
Como resultado dessa falta de chuva e baixa dos níveis nos reservatórios, o país acaba utilizando outras fontes de energia, mais caras e poluentes. Como foi possível notar em 2021 com a crise hídrica, o governo federal ativou as termoelétricas, uma fonte de energia super poluente e que gerou aumento na conta de luz do brasileiro.
Com tudo, a crise hídrica vem causando ameaças de desligamento para algumas hidrelétricas, como é o caso de Ilha Solteira, em São Paulo, que em setembro de 2021 atingiu seu volume mais baixo no reservatório, com apenas 1,45% de seu volume total.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), quando as hidrelétricas atingem 10% de seu reservatório, é tecnicamente viável a operação, mas, quando os reservatórios estão abaixo dos 10% é necessário ficar em alerta, pois as máquinas e turbinas correm o risco de quebrar.
O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de sete milhões de pessoas, diariamente, teve uma queda de 10% nos seus reservatórios. Há oito anos o sistema acumulava 44% de água, hoje, esses números chegam a 34%.
Um dos fatores para o problema é a degradação dos biomas brasileiros, que tem crescido em ritmo acelerado nos últimos anos. As queimadas e o desmatamento também têm influenciado na circulação atmosférica e na transferência de umidade da Amazônia para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Outro fator são as mudanças climáticas e a ocorrência de fenômenos como o La Niña, que derruba o índice pluviométrico em regiões estratégicas para a geração de energia por meio das hidrelétricas.
De acordo com os meteorologistas, não podemos esquecer que a escassez de chuvas tem relação com o aumento da temperatura do oceano Atlântico, principalmente próximo ao Equador, no extremo norte, o que prejudicou as chuvas no Nordeste.
Com toda essa escassez de chuvas, o perigo de racionamento de energia é elevado, por isso é importante que os consumidores reduzam seu consumo voluntariamente, ajudando a conter a crise energética.
Especialistas na área apontam que a revogação do horário de verão contribuiu para o aumento da demanda por eletricidade no chamado horário de pico, entre 18h e 21h. O adiamento dos relógios estendia o período de luminosidade, favorecendo a menor utilização de luz elétrica, diminuindo a sobrecarga no sistema.
Em 2021, o governo chegou a reajustar a conta de luz em mais de 7%, com a chamada “bandeira vermelha”. Uma estratégia governamental para sinalizar aos consumidores a necessidade do consumo consciente da energia e um auxílio para custear as despesas da geração de energia com fontes mais caras.
Segundo o Estadão, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve anunciar que em 2022 o aumento previsto será de 21,04%.
Esta não é a primeira vez que o Brasil passa por uma crise nas hidrelétricas. Em 2001, o País enfrentou a maior crise energética de sua história, devido ao baixo índice de água nos reservatórios de 90% das usinas hidrelétricas. Na época, o Brasil estava despreparado em meio às soluções para conter a crise, visto que os distribuidores tinham uma estruturação antiga.
Em 2015, outra crise assombrou o sistema elétrico, ela atingiu as regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Desde então, os baixos abastecimentos dos reservatórios vêm afetando os consumidores, através das bandeiras de tarifa extra.
O cenário vem melhorando, em novembro de 2021, os reservatórios receberam volume de água suficiente para diminuir o uso de outras fontes de energia e consequentemente fez com que a Aneel zerasse a cobrança tarifária para as famílias de baixa renda. Porém, mesmo com a leve melhora, o governo ainda não pretende reduzir o valor da tarifa extra de energia.
As consequências da crise no Brasil
Uma crise energética, como esta que estamos vivenciando, gera consequências de curto e longo prazo para os brasileiros.
– Encarecimento das contas de energia do consumidor final pela adoção de bandeiras tarifárias mais caras;
– Mudança nos hábitos da população como forma de economizar energia e, por conseguinte, reduzir os gastos no final do mês;
– Encarecimento de serviços e produtos destinados a intermediários e ao mercado consumidor, em especial aqueles que fazem uso de grandes quantidades de energia elétrica no seu processo produtivo;
– Aumento da inflação e agravamento da crise econômica;
– Prejuízos diretos à estrutura das usinas hidrelétricas por funcionarem com reservatórios abaixo da capacidade ideal, o que pode resultar na entrada de detritos acumulados no fundo da água e lama nas turbinas;
– Aumento da poluição pela utilização das termelétricas;
– Risco de apagão, isto é, interrupções não programadas no fornecimento de energia devido à sobrecarga.
Crise hídrica e crise energética no Brasil: Entenda os motivos e as consequências | Portal Solar
Entenda a crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia no Brasil (correiobraziliense.com.br)
Crise energética no Brasil: causas e consequências – Brasil Escola (uol.com.br)
GUITARRARA, Paloma. “Crise energética no Brasil”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/crise-energetica-no-brasil.htm. Acesso em 20 de janeiro de 2022.
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